Mais do que medir o desempenho dos alunos, os instrumentos de avaliação são
ferramentas que contribuem para a aprendizagem das crianças (ALINE DINIZ)
"O que não gosto muito na escola é de fazer prova. Fico nervosa e até choro." Esse relato é da estudante Amanda Lima, de oito anos,
que cursa o terceiro ano do ensino fundamental na Escola Municipal do Bairro Petrovale, em Ibirité (MG). Assim como vários estudantes,
ela enfrenta dificuldades na hora de fazer exercícios que valem ponto.
Segundo o psicólogo Jairo Stacanelli, reações como as de Amanda são comuns diante de situações de perigo. "É difícil para crianças,
entre três e oito anos de idade, distinguir situações de risco real de outras em que estão apenas sendo testadas", explica. Dessa forma,
se o estudante encara a avaliação como uma ameaça, ele pode apresentar sintomas como nervosismo, palpitação, choro e suor excessivo.
Para evitar esses problemas, o psicólogo sugere que os educadores utilizem a avaliação como mais uma etapa do processo de ensinoaprendizagem,
e não como um momento de cobrança ou mesmo uma punição.
É isso o que a professora de Amanda, Elizabeth Sampaio, procura fazer. Ela diz que avalia seus alunos de forma diversificada: propõe
pesquisas, jogos, analisa o comportamento e o capricho com o caderno. A prova é só mais uma maneira para acompanhar o desempenho
de seus alunos. A professora conta ainda que conversa com as crianças no dia do teste para passar tranquilidade a elas. "Reforço a
ideia de que eles são capazes e explico que tudo o que está na prova foi trabalhado anteriormente em sala de aula." O método funciona:
"Depois que a professora fala comigo eu fico mais calma e consigo fazer a prova", diz Amanda.
Texto completo em:http://www.ceale.fae.ufmg.br/nomade/midia/docs/237/phprD15Kr.pdf
crédito: www.eb23-ribeirao.rcts.pt
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
NADA NA LÍNGUA É POR ACASO
Ciência e senso comum na educação em língua materna
Marcos Bagno (Universidade de Brasília)
(Artigo de Marcos Bagno publicado na revista Presença Pedagógica em setembro de 2006)
Quando o assunto é língua, existem na sociedade duas ordens de discurso que se contrapõem: (1) o discurso científico, embasado nas teorias da Lingüística moderna, que trabalha com as noções de variação e mudança; e (2) o discurso do senso comum, impregnado de concepções arcaicas sobre a linguagem e de preconceitos sociais fortemente arraigados, que opera com a noção de erro.
Para as ciências da linguagem, não existe erro na língua. Se a língua é entendida como um sistema de sons e significados que se organizam sintaticamente para permitir a interação humana, toda e qualquer manifestação lingüística cumpre essa função plenamente. A noção de "erro" se prende a fenômenos sociais e culturais, que não estão incluídos no campo de interesse da Lingüística propriamente dita, isto é, da ciência que estuda a língua "em si mesma", em seus aspectos fonológicos, morfológicos e sintáticos. Para analisar as origens e as conseqüências da noção de "erro" na história das línguas será preciso recorrer a uma outra ciência, necessariamente interdisciplinar, a Sociolingüística, entendida aqui em sentido muito amplo, como o estudo das relações sociais intermediadas pela linguagem.
A noção de "erro" em língua nasce, no mundo ocidental, junto com as primeiras descrições sistemáticas de uma língua (a grega), empreendidas no mundo de cultura helenística, particularmente na cidade de Alexandria (Egito), que era o mais importante centro de cultura grega no século III a.C.
Como a língua grega tinha se tornado o idioma oficial do grande império formado pelas conquistas de Alexandre (356-323 a.C.), surgiu a necessidade de normatizar essa língua, ou seja, de criar um padrão uniforme e homogêneo que se erguesse acima das diferenças regionais e sociais para se transformar num instrumento de unificação política e cultural.
Data desse período o surgimento daquilo que hoje se chama, nos estudos lingüísticos, de Gramática Tradicional - um conjunto de noções acerca da língua e da linguagem que representou o início dos estudos lingüísticos no Ocidente. Sendo uma abordagem não-científica, nos termos modernos de ciência, a Gramática Tradicional combinava intuições filosóficas e preconceitos sociais.
Texto completo em: www.marcosbagno.com.br/conteudo/textos/htm
Marcos Bagno (Universidade de Brasília)
(Artigo de Marcos Bagno publicado na revista Presença Pedagógica em setembro de 2006)
Quando o assunto é língua, existem na sociedade duas ordens de discurso que se contrapõem: (1) o discurso científico, embasado nas teorias da Lingüística moderna, que trabalha com as noções de variação e mudança; e (2) o discurso do senso comum, impregnado de concepções arcaicas sobre a linguagem e de preconceitos sociais fortemente arraigados, que opera com a noção de erro.
Para as ciências da linguagem, não existe erro na língua. Se a língua é entendida como um sistema de sons e significados que se organizam sintaticamente para permitir a interação humana, toda e qualquer manifestação lingüística cumpre essa função plenamente. A noção de "erro" se prende a fenômenos sociais e culturais, que não estão incluídos no campo de interesse da Lingüística propriamente dita, isto é, da ciência que estuda a língua "em si mesma", em seus aspectos fonológicos, morfológicos e sintáticos. Para analisar as origens e as conseqüências da noção de "erro" na história das línguas será preciso recorrer a uma outra ciência, necessariamente interdisciplinar, a Sociolingüística, entendida aqui em sentido muito amplo, como o estudo das relações sociais intermediadas pela linguagem.
A noção de "erro" em língua nasce, no mundo ocidental, junto com as primeiras descrições sistemáticas de uma língua (a grega), empreendidas no mundo de cultura helenística, particularmente na cidade de Alexandria (Egito), que era o mais importante centro de cultura grega no século III a.C.
Como a língua grega tinha se tornado o idioma oficial do grande império formado pelas conquistas de Alexandre (356-323 a.C.), surgiu a necessidade de normatizar essa língua, ou seja, de criar um padrão uniforme e homogêneo que se erguesse acima das diferenças regionais e sociais para se transformar num instrumento de unificação política e cultural.
Data desse período o surgimento daquilo que hoje se chama, nos estudos lingüísticos, de Gramática Tradicional - um conjunto de noções acerca da língua e da linguagem que representou o início dos estudos lingüísticos no Ocidente. Sendo uma abordagem não-científica, nos termos modernos de ciência, a Gramática Tradicional combinava intuições filosóficas e preconceitos sociais.
Texto completo em: www.marcosbagno.com.br/conteudo/textos/htm
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