sábado, 14 de novembro de 2009

A língua do povo, a fala do povo (Maria Célia Lima-Hernandes, Revista ComCiência)

Nossas preocupações com a língua portuguesa, em especial no que se refere à sua correção gramatical, somente se apresentam quando temos que redigir um texto. Quase ninguém se preocupa com a forma de expressão em situações de língua falada. Apesar de situações de língua falada representarem momentos de pouca preocupação com a língua e com sua correção, é justamente a língua falada a porta de entrada para a maioria das grandes mudanças na língua escrita. Parece um contrasenso? Não é. É justamente a combinação dessa espontaneidade típica das situações cotidianas com o nosso conhecimento de como agir em determinadas situações que constitui fórmula básica para certas mudanças linguísticas.
Dizem os teóricos que a mudança se impõe pela necessidade de inovação por parte do falante. Teria o falante consciência de que uma forma de expressão já está desgastada pelo uso? Ser uma das engrenagens desse grande sistema linguístico é, na verdade, o papel do falante. Muitas das atitudes inovadoras que assume não são pensadas ou planejadas, são muito mais respostas a estímulos interacionais, a contextos comunicativos ou mesmo a regras mais gerais (e não gramaticais) compartilhadas pelo grupo.

Texto completo:http://www.comciencia.br/comciencia/?section=8&edicao=51&id=638

Ortografia não é apenas escrever palavras com a grafia correta (Luiz Carlos Cagliari, Revista ComCiência)

1. Primeiras ideias sobre ortografia

A nossa tradição escolar, baseada nos livros didáticos, nas gramáticas e dicionários, formou a ideia comum que as pessoas têm, segundo a qual a ortografia significa escrever as palavras da língua com a grafia correta. Algumas pessoas lembram a origem dessa palavra, dizendo que ela veio do grego e que, naquela língua, significa “escrita correta”. Embora não se saiba bem o que “escrita correta” signifique, a palavra ortografia ficou com o sentido tradicional de grafar as palavras com as “letras corretas” com que as pessoas escrevem a língua que usam. Como apoio para isso, apareceram os vocabulários ortográficos e os dicionários.

As questões problemáticas a respeito de saber “com que letras” se escrevem as palavras começam com a própria história da língua. Por exemplo, em português, já se escreveu a palavra “igreja” dos seguintes modos: jgreja, egleja, egleia, eglesa, eglesia, egreja, eigleja, eygleyga, eigleja, eigrega, eigreja, ergreja, ergueyja, greja, igreija, igreja, etc., (cf. Dicionário etimológico da língua portuguesa (1956), de José Pedro Machado). Aparentemente, aquela palavra não mudou muito em sua pronúncia, mas a percepção da fala e os recursos da escrita levaram as pessoas a escrevê-la de muitas maneiras, na história da língua. Um dos motivos pelos quais a grafia das palavras muda é porque mudou a pronúncia. Até o século XV, ainda se via escrito “estromento” para o latim instrumentum. Depois, voltou a pronúncia instrumento: mudando a pronúncia, a tendência da escrita é mudar o modo como a palavra é escrita.

Leia texto completo em:http://www.comciencia.br/comciencia/?section=8&edicao=51&id=636

Revista COMCiência SBPC (Ortografia)

Está no ar o número 113 da revista mensal eletrônica de jornalismo científico ComCiência, publicada pelo Labjor e pela SBPC. O tema da edição é "ortografia".

Leia em: http://linguagemdocencia.blogspot.com/2009/11/revista-comciencia-sobre-ortografia.html